Minhas páginas - o começo
- Júlio Oliveira
- 11 de mai. de 2019
- 6 min de leitura
Dizer que minha vida foi calma, tranquila e sossegada é uma grande mentira, dizer que teve muito amor, carinho, compreensão e companheirismo também é outra mentira, afirmar que todas as vezes meu pai e minha mãe estiveram do meu lado me ajudando, aconselhando e sendo um exemplo pra eu seguir, kkkkkk só me faz rir.
Esse é um dos vários posts de minha história que irei contar algumas vezes resumidas e outras vezes no geral histórias que talvez hoje eu ria mas que antes eram carmas e traumas que me fizeram ser quem sou, e sou feliz por isso pois minha visão e meu conhecimento é algo estudado, vivido, compreendido, superado e vencido. E se você tem algo em comum ou algo em particular que queira conversar, escreva pra mim.

Quando digo que minha mãe faleceu no meu parto algumas amizades dizem que deve ter sido ruim viver sem uma mãe. Então hoje nessas páginas listradas estarei virando folhas da minha história contando um pouco de minha vida.
Infância
Quando criança os sentimentos eram menos expressivos e a sensação era meio que um vazio, sentia que faltava algo, mas nunca sabia o que. Tive mãe de criação, tive uma tia, tive uma prima que cuidaram de mim, mas percebia que o vazio era aquele que somente uma mãe e um pai preenche. Não tive uma infância nada feliz e nada legal, muitas brigas familiares, problemas financeiros, drogas, ignorância, sem sentimentos bons e amor. Uma certa vez minha prima pediu ao meu pai, que não vivia com a gente, para comprar uns cadernos pois eu iria para a segunda serie do fundamental, ele disse que era pra usar papel de pão para escrever(naquela época os pães eram enrolados em papel) afinal ele só sustentava e cuidava dos filhos que morava com ele. Pegamos a borracha e passamos a noite apagando os escritos do caderno do ano anterior para eu reutilizar, naquele dia ela me disse o que foi essencial para eu viver,"_Você não tem mãe, não tem pai e não tem ninguém na vida, estude muito, trabalhe muito para não depender de ninguém e mesmo que demore muitos anos, uma hora você será valorizado e vencerá." Deveria de ter dito para eu puxar saco de patrão e chefes que é mais fácil vencer,e infelizmente ou felizmente essa técnica eu não aprendi, o que faço, falo e reajo é a pura sinceridade e nem ligo...rsrs A partir daí minha preocupação era conseguir latinhas e esterco(estrume de vaca) para vender e comprar material de escola para estudar, e assim eu fiz, quando sobrava algum trocado eu comprava algo necessário como pasta de dente, sabonete, etc, ou ia jogar vídeo game na locadora com os poucos amigos que tinha.
Adorava estudar, me fazia distrair a cabeça e esquecer por alguns momentos as brigas, drogas e bebida em casa, os parentes que brigavam todo fim de semana de pedrada, machadada, faca, etc..quebrando o pouco dos velhos móveis, fazia esquecer que o mundo que vivia só me dava agonia, tristeza e humilhação, me fazia esquecer que a vida era horrível.
Admirava todos os professores mas odiava as crianças, bagunceiras, brincalhonas e mal educadas, e assim por várias vezes eu desistia de estudar. A minha maior tristeza na escola, além de ser ridicularizado e humilhado pelos colegas(eu ignorava) por ser mal vestido e com materiais inferiores e feios, eram as reuniões, pois nunca tinha um pai e/ou uma mãe para ir, e várias vezes a diretora ou professora perguntava cadê eles e sempre chamava minha atenção até um dia me mandar ir embora para buscar alguém responsável, a vontade era de sumir. Sempre chorava escondido olhando para as estrelas pensando muitas coisas...
_cadê você mãe ?_pq essas coisas acontecem comigo?!
Adolescência
Na adolescência aquela falta de amor, de sentir um carinho, uma compreensão, um conselho de mãe, de pai, um desejo de se ter um ombro, um amor, um algo na vida, havia passado. Eu era frio, completamente sem emoções, eu sentia o mal, mas um mal interno onde eu não precisava expor, somente pensar, toda maldade estava na minha mente, os desejos ruins, a vontade da destruição, o ódio por várias pessoas, sempre segurando e pedindo forças a Deus para não expor, não soltar tudo aquilo que estava dentro de mim pois eu não queria ser como eles, não queria me tornar algo que eu mesmo não gosto, as batalhas internas e externas, as crenças, a visão de vida e as pessoas a volta me destruíam, cada um com um jeito e comportamento diferente e persuasivo, egoísta, negativo, falso, bajulador, interesseiro etc, meu coração doía, sentia tanta raiva e tanta tristeza a ponto de sentir dores de cabeça e apagar no sono. Afinal se eu cresci vendo bebida, drogas, brigas, pancadaria, mãe sofrendo por filhos que vieram na terra só para ser um peso, um encosto, uma maldição na vida delas, eu não queria isso pra mim. Então me mantinha firme estudando e trabalhando sem zoar, sem aprontar e sem curtir a vida. Deus foi meu guia.
Eu tinha uma mulher ao qual considerava como mãe, eu chamava de mãe e amava como uma, e sei que era reciproco,mas ela tinha muitos problemas, sofrimentos, e tristezas depressivas que infelizmente eu como criança e adolescente não conseguia resolver, somente observar e sofrer, e quando pude ajudar foi por pouco tempo até ela falecer. Era um abraço de amor, o mais próximo de uma mãe. #saudades. Tive minha tia-avó que foi essencial na minha vida e criação, mas amar é sofrer e ela sofria pelo que amava, e eu sofria por ama-la e juntos vivíamos um inferno. Era a única companhia que tinha e a única razão para eu viver, enquanto ela estava doente eu cuidava do jeito que podia, sempre preocupado, quando saia para festas ficava de olho no horário para voltar pra casa pois tinha que pingar colírio nela, ver se tomou remédio, etc ... ainda falarei mais sobre esses anjos que passaram na minha vida.
Com o tempo fui arrumando uns servicinhos aqui e outros ali e aos poucos vivendo minha vida e minha independência, sempre planejava minhas metas e meus planos, sempre tentava alcançar meus sonhos e objetivos, mas por consequências da vida tudo dava errado.
Adulto
Ser maior de 18 anos não quer dizer que você é adulto. Beber, fumar, usar droga, casar, formar uma família, não lhe faz alguém adulto. Quando eu não quis voltar pra estudar no pré-escolar (presinho), minha prima perguntou por que eu não queria voltar pra escolinha e eu disse -Eu não gosto pq tem crianças. _Mas você é criança também! eu_Não sou criança, criança faz bagunça, grita, brinca e é chata. Se hoje me perguntam você gosta de estudar e ir pra faculdade, cursinho etc... eu apenas dou um sorriso, mas na minha mente a resposta é a mesma, eu odeio porque na faculdade tem muita criança, a diferença é que são somente grandes, mas muitos continuam com a mesma mente infantil, mesmo tendo famílias, empregos, etc.. E o mesmo é nos empregos, são muitas pessoas infantis.
Ser adulto é saber entender o próximo, saber respeitar, falar, ouvir e repassar adequadamente, ser adulto é não julgar, não falar mal, não desejar o mal, ser adulto é perceber que a vida é feita de etapas. A primeira etapa, criança - ser de indefinição de sabedoria e perspectiva sobre o próximo, por isso existe as escolas para saber compreender e entender que existem outras pessoas com pensamentos e personalidades diferentes e que você não é o rei igual a mamãe e o papai dizem, por isso as crianças acham que podem fazer tudo e que é obrigação dos pais lhe darem tudo. Segunda etapa, adolescência- puberdade e mudança de estado mental, conhecimento do próximo e desejos pelo desconhecido, é aí que muitos se perdem pois essa etapa traz terríveis consequências, já que é muita informação para uma mente pouco evoluída, principalmente nos dias atuais. Terceira etapa, adulto- ser de compreensão, sabedoria, e responsabilidade não com os outros mas sim consigo devido ao fato de saber que seus atos são refletidos de forma positiva ou negativa nas pessoas ao seu redor. Bem, de acordo com o que penso, adultos são idosos, e as crianças ou adolescentes se estenderam até os 20, 30, 40 ou até 50 anos... seja na imaturidade amorosa, emocional, profissional, criticada, familiar, etc.... existem várias adultos infantil.
Depois que minha tia faleceu e eu não tinha onde morar, já que tenho uma personalidade muito séria e tenho uma visão diferente dos meus parentes, não houve nenhuma ajuda de alguém, fui morar sozinho, alugando uma casa, sem móveis e sem condições de me sustentar, sofria pela perda, pela tristeza, pelo abandono, pelo luto, solidão. Passei por desafios imensos, mas que foram sendo vencidos devagar.
Como estudar sempre me fez bem e gosto de aprender sobre tudo, ler livros de psicologia e auto ajuda, livros sobre reflexão, filosofia e conhecimentos, foram me fazendo ver situações vivenciadas de outra forma, claro todas as ações vividas desde a infância deixam cicatrizes, marcas incuráveis e traumas, e aos poucos eu fui compreendendo minha vida, cada passo, caminhada e atitudes, uma autoanalise sobre mim mesmo, e não adianta só nos autoanalisar e saber nossos defeitos, fraquezas, erros, qualidades e personalidade se não fizermos nada para melhorar o que tem que ser melhorado, e assim eu fiz e faço até hoje, mesmo sendo difícil perto de pessoas que nos despertam somente o lado ruim.
Fácil ou difícil a vida se segue e aos poucos escrevemos cada um sua própria história, e você tem algo em comum, e gostaria de dividir comigo ?
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